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quarta-feira, agosto 04, 2010

E se a vida real fosse como jogar The Sims? Onde nós podemos controlar cada passo, ter o corpo malhado, os cabelos dos sonhos, criar relacionamentos em horas e ganhar dinheiro apertando apenas três teclas. Poderíamos voltar atrás com cada emprego, relacionamento e amizade que fracassasse. Bastava não salvar tudo que vivemos, para termos a chance de fazer dar tudo certo. E se mesmo assim, a vida não fosse do jeito que planejamos, Infelicidade não faria parte do nosso vocabulário. Toda vez que fosse dificil ser feliz, acumularíamos alguns pontos e mudaríamos rapidamente o nosso maior sonho, por algum que coubesse exatamente nas nossas mãos.

Nada que algumas Horas em frente a televisão, uma ida ao spa ou uma viagem fora de hora para manter a cabeça cheia e um sorriso pronto no rosto. O chuveiro quebrou? A televisão pifou na hora que você resolveu assistir um programa que você sequer sabia que existia, só pra melhorar o seu humor? Compramos outro chuveiro, outra televisão, outra vida. Enjuoou de ser morena, de olhos azuis e casada com um careca mau sucedido? Pronto, resolvido. É só esperar alguns minutos. O jogo vai salvar e podemos investir em outra vida mais interessante.

A vida seria previsível e nada mais teria a chance de nos machucar. Não saberíamos o que significa limite, dor, intensidade, erro e fracasso. Seríamos pequenos robôs, controlados pelo fluxo de interações que todo o resto decide por nós. Nós escolheríamos o homem da nossa vida, que por coinscidência (ou comodismo, entenda como quiser) seria nosso vizinho. Ele é casado e tem filhos, mas tudo bem. O casamento acaba, os filhos não vão ficar chateados com ele e o máximo que a ex mulher vai fazer é chutar sua lixeira em algumas madrugadas. Nada de recaídas e sentimentalismo. Só restaria frieza e aceitação.

Não saberíamos o valor de um abraço sincero, de um beijo apaixonado, de um amor não correspondido. Não teríamos o emprego dos sonhos, sequer poderíamos escolher o que fazer da vida. Sempre teria alguém, dizendo o que, quando e onde deveríamos estar. Não saberíamos o significado de borboletas na barriga e mãos suadas quando vemos alguém especial. Não saberíamos o que significa indecisão, ansiedade, felicidade. Seriamos felizes por três dias. O tempo que dura uma gestação, uma promoção, um crescimento. Até sentirmos falta do que realmente da sentido aos nossos dias. Nós não aprendemos com nossas conquistas, aprendemos com nossos erros, dores e toda solidão que apresentam para gente com o passar dos dias. Duvide se não houver inimigos, solidão e insatisfação em algum momento. Não queira ser parte de um jogo, onde o controle é colocado acima de todos os sentimentos e vontades. Dedique horas do seu dia á ele, mas não esqueça que a realidade é muito mais interessante.

Reclamamos de falta de liberdade e independência, mas nunca paramos pra pensar que temos o mundo ao nossos pés. Ignoramos pequenos detalhes, pequenos amores, pequenos gestos. Estamos sempre querendo mais e mais, e esquecendo que o que realmente importa, nós já temos. Sem esse papo clichê de que só infeliz quem quer e que se o amor (ou a vida) não der certo, basta seguir outro caminho. Nós somos as criaturas racionais mais inrracionais de todas. De que vale a inteligência, o dinheiro no bolso, a carreira dos sonhos e o casamento de anos que você se gaba pelos quantro cantos, se você não é feliz? Eu sou a favor da liberdade interior . Amo quando quero, quem eu quero e até quando achar necessário. Tenho minhas ideias fixas e vou seguir com elas até o dia que perceber que não vale mais a pena. Chuto o balde, sacudo os tapetes e lavo minha alma como se esse fosse o último dia da minha vida. Quer liberdade maior do que sentir, falar e ouvir o que der na telha? Não preciso do carro do ano, das festas mais badaladas e de uma carta de alforria para cometer todas as loucuras que minha família ou os meus amigos, em momentos de sanidade, me proíbam de fazer. Revolte-se quando achar necessário. Surte quando você não souber lidar com o que te perturba. O limite sempre esteve nas nossas mãos, só que estamos tão preocupados com todo o resto, que acabamos não tendo nada pra contar história.


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